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sexta-feira, 27 de abril de 2012

25 de Abril

Li este texto e resolvi partilhar convosco. Está simples, mas faz um belo resumo do 25 de Abril.
Especialmente dedicado aqueles brasileiros que passaram o dia no Twitter a só dizerem disparates sobres este dia. Aprendam, meus caros. Nós, portugueses e seres interessados na nossa cultura, não durámos para sempre! ;)

Lembro-me do 25 de Abril como se fosse ontem. As pessoas a passarem fome, sem emprego e a terem de emigrar para sobreviverem; uma justiça que só servia para os ricos e poderosos; uma polícia que não servia para nada e batia indiscriminadamente nas pessoas, novos e velhos, quando eles se manifestavam; uma comunicação social que era servil do poder estabelecido; eleições que eram uma fantochada e em quem ninguém acreditava porque na rua as pessoas estavam descontentes, mas no poder estavam sempre os mesmos; uma economia que era controlada por meia dúzia de pessoas e quem era mais rico ficava cada vez mais rico, quem era pobre não podia ambicionar a nada a não ser uma esmola que pedia sempre algo em retorno. Os políticos que estavam no Parlamento eram todos amigos uns dos outros e o que se falava lá dentro não interessava a quem trabalhava cá fora no país real; os cargos das grandes empresas eram sempre dos mesmos e ninguém, por mais competências que tivesse, podia sequer pensar em chegar lá; todo o sistema estava corrompido e ninguém conseguia desbloquear a situação, foi preciso a revolução para tudo ficar bem.

Antigamente havia muita gente racista, iam para África e faziam grandes cidades e construções para explorar melhor os pretos (era assim que eram chamadas as pessoas de cor), foi preciso chegar o 25 de Abril para eles poderem deixar de ser portugueses e não serem mais nossa responsabilidade. Antes do Dia da Liberdade, os africanos andavam em guerra connosco porque queriam ser livres e deixar de passar fome, por isso foi preciso que os brancos que os exploravam voltassem a Portugal para que todos vivessem em paz e fossem finalmente países democráticos e livres, desenvolvidos e sem guerras. Hoje já não somos um país racista, as pessoas de cor têm as mesmas oportunidades que os brancos e são tratadas da mesma forma, como por exemplo no futebol.

Na verdade, sei disto tudo porque os livros da escola, os professores e os meus pais me contaram. Nasci bastante depois daquele glorioso dia, mas o meu pai saiu à rua e lutou contra os porcos fascistas que só se queriam servir do nosso belo país. Nos últimos anos, ele não tem participado nos festejos e fica em casa a chorar. Tenho a certeza que é porque fica comovido ao ver tudo o que mudou em quase meio século.

Fonte: http://temivel.blogs.sapo.pt/2829.html



P.S.: O meu pai não saiu à rua nem participou nesta revolução. Só soube da existência dela após ela ter acontecido. Na altura, ele estava em Angola. Fazia parte do exército, e estava na Guerra do Ultramar.


*Sheila

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