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quarta-feira, 23 de maio de 2012

O poliamor

Algo mais que eu desconhecia...

É conhecida por Antidote (nick cibernético), tem 34 anos, é de Lisboa e nos últimos 15 – até se assumir poliamorosa – riscou dois modelos do seu mapa afectivo: monogamia e relação aberta. Vive um triângulo que considera “perfeito”: ama um homem da mesma idade, que ama outra mulher ligeiramente mais velha, que a ama a si, idem aspas na direcção inversa, aspas idem há sete anos. Mas os afectos desta engenheira informática não se esgotam na geometria de três ângulos: tem, desde 2005, uma ligação com outra mulher, e considera a hipótese de ampliar a sua rede amorosa.
  Muito segura das suas opções, Antidote faz activismo pela tendência que questiona o paradigma do casal: “Em Portugal, a comunidade poliamorosa não está ainda organizada. Existe uma mailing list com vários membros, mas não há suficiente massa crítica para se criar uma rede sólida entre praticantes da não-monogamia consentida ou polifidelidade.” A preparar esse dia, Antidote concebeu e encabeçou, em 2006, as primeiras sessões públicas (reuniões de esclarecimento) sobre este modo de vida alternativo no nosso país e vestiu a camisola “poli” nas duas Marchas de Orgulho Gay, Lésbico, Bissexual e Trangender (LGBT) do Porto. Além disso, também acompanha as principais discussões “poli” em diversos grupos virtuais europeus e dirige workshops de apoio a pessoas poliamorosas, na Alemanha e Áustria.
Antidote esclarece, em directo, esta corrente alicerçada no amor sem limites.
O que é o poliamor?
É a substituição do primado da monogamia absoluta (como mandamento) pelo mandamento da honestidade. Pode fazer-se o que se quiser, desde que seja consentâneo e não magoe ninguém. No Poliamor não existem receitas de tipos de relacionamentos, temos de as inventar.
 Por exemplo…
Pode haver um modelo como o meu, em que todos os parceiros são primários. Ou pode ter-se apenas uma rede de secundários. Pode existir um primário e vários secundários, enfim, as variações são imensas.
Como se define uma relação primária?
Podemos amar várias pessoas, mas temos de nos dividir em circunstâncias concretas, como o tempo. O sentido de primário é o da prioridade. Quando alguém de uma relação primária levanta a mão e diz que precisa de mim, largo tudo para ir ter com ela. Se há dois ou mais primários, o melhor é “rezar” para que não partam a perna no mesmo dia. Mas, atenção, que um secundário é um receptáculo de amor igualmente válido.
É confuso definir “papéis”?
É preciso reinventar o “espaço” que funciona para cada pessoa ou cada relação. Muitas vezes não há palavras para definir os papéis. Por exemplo, as pessoas com quem me relaciono são “diferentes” de namorados. São muito mais que isso.
A gestão afectiva é complicada?
Na monogamia, há códigos definidos socialmente e portanto pode entrar-se em piloto automático. Aqui não há regras protocolares: cada um dos gestos pode ter implicações a nível simbólico, emocional!
Como se manifestou o Poliamor na sua vida?
Conhecia o assunto da Internet, achava interessante, mas nunca tinha caído numa relação com duas pessoas ao mesmo nível (dois primários). Só numa relação primária e algumas secundárias, bastante baseadas no sexo, e transitórias.
Como reagiram [os três] ao desenvolvimento do triângulo?
Inicialmente não contámos a ninguém. Tínhamos muita vergonha (atitude que nos fez muito mal e quase deu cabo da relação). Não vivíamos uns com os outros, mas fazíamos tudo juntos, apesar de estarmos “dentro do armário”. Em 2003, eu e o Manuel mudámo-nos para um apartamento, e no mesmo prédio, exactamente ao nosso lado, passou a viver a Maria [nome também fictício]. Todos temos as chaves das duas casas, que acabam por ser um apartamento único, com um corredor no meio. Actualmente, assumimos a relação sem problemas. Não me vejo a viver de outra maneira.



Fonte: http://mulher.pt.msn.com/relacoesefamilia/article.aspx?cp-documentid=153351691

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