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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Vamos falar de amor?

Apercebi-me que é quando tenho os meus momentos românticos aqui, no blogue, que tenho mais visitas.
Mas hoje, hoje venho falar de um amor diferente.
Apareceu cá em casa, era eu ainda muito pequena.
A mãe andava aqui pela rua e nós,  com pena dela, íamos deixar-lhe cokida lá fora, todos os dias.
Chegou o inverno, um inverno rigoroso, fom muita chuva. Como as grades da minha casa são largas e o moro baixo,  a cadela entrou cá dentro e foi-se abrigar debaixo da lenha que o meu pai tinha no terreno. Foi lá que ela deu à luz.
Quando demos por ela, alguns já estavam mortos, e outros a irem pelo mesmo caminho. Mas havia um que se punha em cima dela.
No fim, todos morreram e só sobrou esse, o espertinho. E foi assim que cresci na companhia de um cão.
Ele chamava-se Snoopy. Lembro-me de ele se deitar todo enroladinho e de parecer uma bola de pêlo. De a minha irmã estar sentada na cozinha, ao lado do namorado, com o Snoopy ao colo, de ela lhe estar a fazer festinhas, de ele apoiar a cabeça entre os braços deles e de adormecer assim. De ir dar uma volta com ele, começar a correr e ele ficar para trás. Tadinho, era pequenino, não corria muito.
Um dia foi atropelado, tadinho. Ficou desorientado, fugiu, e vimo-nos negras para o encontrar. Mas lá o encontramos e ele estava bem.
Era um cão pacato, não ferrava, gostava de brincar. Nós soltavamo-lo, el3 ia dar a sua volta e voltava para casa.
Chegava à hora do jantar e ele começava a ladrar, como que a dizer "está na hora de virem deitar-me comida. Não se esqueçam de mim!". E quando nos vias a chegar ladravas todo contente.  Às vezes, até já só bastava ouvir o barulho do carro.
Aliás,  quando era novo, nós sempre que saímos com o carro ou passavamos à porta de casa, tinhamos de acelerar, senão ele vinha a correr atrás do carro, de boca qberta, língua de fora, todo contente. E sim, só corria atrás do nosso carro.
E quando ia dar uma volta de carro, ia com o focinho de fora a cheirar o vento. Sim, a cheirá-lo.
E ladrava sempre que alguém se aproximava do nosso portão,  a dar sinal de que estava ali um desconhecido. E já convivia com ele há tantos anos, que até já conseguia destinguir o ladrar dele. Quando era de contente, quando era a dar sinal de alguém ou animal estranho, a chamar-nos, ou de alegria por estarmos a brincar com ele.
Depois a velhice chegou. Já pouco corria, custava-lhe subir os muros, tropeçava. Faltavam-lhe já dois dentes à frente, tadinhos. Quando o soltavamos, ele já não saia disparado,  a correr todo contente. Ficava a correr devagar,  à volta do jardim, todo contente. E passava o tempo quase todo em casa, já não saia tanto para a rua. E quando o fazia, punha-se sentado à porta, à espera que alguém a fosee abrir, pois ele já não conseguia subir o muro.
Mas um dia...
Um dia saiu... e nunca mais voltou.
Fizeste parte das nossas vidas, cresci contigo, e até o meu sobrinho, que pouco conviveu contigo, fartou-se de perguntar por ti.
Fazes cá falta, Snoopy.

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