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sábado, 1 de agosto de 2015

Um longo desabafo...

Isto não está fácil... Sempre que se toca no assunto eu acabo em lágrimas e o meu pai enervado.
Ele recusa-se a deixar-me ir para a França.
Diz que ele teve problemas, a minha irmã também teve e que, sendo assim, também não quer que eu vá, porque vai ser para problemas e não quer isso. Diz também que eu e a minha irmã temos feitios que chocam, que não nos íamos entender. E com o meu namorado lá (na França) ainda pior!
E que enquanto poder trabalhar e me poder sustentar que eu não vou. Para procurar trabalho cá, demore o tempo que demorar.
Que andou a gastar dinheiro em carros (a arranjar o antigo da minha irmã para ficar para mim, mas ninguém lhe pediu nada) para agora eu ir embora.

Depois passou-se da cabeça com a minha mãe que estava a meu favor e disse para ela ir também. Para irmos todos e deixá-lo em paz!

Ele diz que se eu quero ir que, depois de casar, que vá, que faça o que quiser. Mas agora não.


Uma das fortes razões para eu querer ir é, sim, o meu namorado. Começamos a andar e lá aceitámos a distância por eu estar a estudar, e eu fui lá em fevereiro, ele também veio cá em Abril, mas uma relação assim à distância não funciona! São problemas desnecessários, não dá para falarmos como deve ser, nem convivemos como devíamos. E nós precisámos disso! De estarmos juntos, de convivermos um com o outro. De conhecermo-nos melhor e bem. Mas, com a distância, não dá. E, caso eu não vá para a França, vai ser para acabar e, como é óbvio, eu não quero isso. Não quero ficar sem ele por causa do meu pai que não me quer deixar ir. É para eu atirar sempre isso à cara dele e lhe guardar rancor para o resto da vida. E ele é meu pai, não quero isso. Prefiro que seja ele a atirar-me coisas à cara que o contrário.
Depois, estou farta de não poder sair quando quero, ter sempre o tempo controlado, não ter dinheiro para as minhas coisas. Eu quero ganhar dinheiro. Eu quero ter a minha independência. Eu quero começar a lutar pela minha vida e pelas minhas coisas! E quero não ter que estar na cama, à noite, a ler, com 7 ouvidos atentos para ver se ele não se levante e me vem espreitar. Porque se ele vir que estou acordada passa-se da cabeça!
Outra razão, é a minha pequena. Adoro a minha afilhada, adoro estar com ela, e ela está na melhor fase de todas! É minha afilhada e eu não queria perder isso dela!
E ir é agora. Se der para o torto, eu ainda sou nova e tenho tempo de voltar e tentar recompor as coisas cá. Aprender outra língua também só me iria fazer bem, porque eu invisto bastante no português, mas numa língua estrangeira... Zero! Sei algumas palavras, sei fazer frases simples, mas nada que dê para ter uma conversa. E pode não ser inglês, mas é francês e sempre já é algo.
Também há mais chance de trabalhar lá na minha área que cá. Estamos a falar de Paris! O Design lá tem valor! Não é como cá em Portugal que ouvem esta palavra e ficam a olhar como um burro para um palhaço.
Por fim, se for agora, tenho quase a certeza absoluta que volto para Portugal. Se for como a minha irmã, já casada e com filhos, é para nunca mais voltar. E eu não quero isso. Eu quero voltar! Este é o meu país! Lá é somente para conseguir algum dinheiro para conseguir começar cá, já que Portugal não me dá esperança para nenhum futuro! E sabendo que a minha irmã não volta mais, não quero deixar eternamente os meus pais sós. Daqui a uns aninhos, 5, 10 no máximo, eles vão precisar de ajuda. A minha mãe tem quase 60 e já se vê negra para subir escadas e custa-lhe caminhar. É super distraída, anda sempre à procura de coisas e passa a vida a tropeçar. Já o meu pai já tem quase 63. Já ultrapassou um cancro num rim que teve que ser removido e não vai para novo. Um dia ele também vai precisar de ajuda e não vai estar cá ninguém para eles. E eu quero estar. Eu quero ir com a certeza de que volto a tempo de cuidar deles.

Resumindo, neste momento, não tenho NADA que me prenda cá. E tenho muito a puxar-me para lá. Mas o meu pai teima em querer ser o dono da razão e a roubar-me as asas. 
Mas como fazê-lo ver isso? Como conseguir convencê-lo a deixar-me ir?
Eu não sou muito crente, mas peço a Deus, aos santos e às minhas avozinhas para lhe darem luz e convencê-lo a soltar-me a mão e a deixar-me partir.
Ir embora é somente o que eu quero neste momento.
Custa-me muito deixá-los de novo, saber que, desta vez, não poderei visitá-los de vez enquanto, e voltar a ficar sem as minhas coisas, o meu quarto, o meu espaço, a minha privacidade. Mas desta vez não estarei sozinha. Desta vez terei a minha irmã comigo. E habituei-me a desapegar-me das coisas.

Eu só quero poder ir...

1 comentário:

Tim disse...

tenta negociar :X